7 de agosto de 2014

Budapeste: mais uma versão fantástica de Chico Buarque

Quem adora escrever, e vive disso, sabe que o processo de construção de um texto não é nada fácil. São necessárias várias noites em claro tentando pensar no melhor jeito de escrever uma ideia - isso quando essa ideia existe, é claro. Além disso, é preciso escrever e rescrever trechos inteiros para chegar àquilo que se considera quase perfeito.

Ontem acabei de ler Budapeste, de Chico Buarque, e confesso que, mesmo adorando as composições do cantor, ainda não o conhecia como autor. Dessa maneira, quando comecei a ler esse livro, demorei um pouco para compreender a narrativa e, claro, para entender sobre o que era a história.

Budapeste conta fragmentos da vida de um homem chamado José Costa, que é um escritor anônimo e, como qualquer escritor, adora os idiomas e as palavras. Ele vive no Rio de Janeiro com sua mulher e escreve livros, discursos e artigos para outras pessoas, que fingem ser as autoras de cada um deles. Um dia, ele chega a Budapeste e lá dá de cara com um novo idioma que o encanta na mesma medida que uma outra mulher. 


Costa é uma pessoa confusa e, dessa maneira, a narrativa também é. Ao longo das páginas, são intercalados acontecimentos da vida do personagem principal com fatos que, na verdade, fazem parte das histórias que ele escreve. Além disso, também é retratado o processo de criação de José Costa, que possui manias e vive inquieto, tentando encontrar as melhores e mais poéticas frases. Para mim, na realidade, o ponto-chave de Budapeste é justamente cada livro que José Costa produz e que, na verdade, ocupa em sua vida um espaço muito maior do que sua mulher no Rio de Janeiro ou sua mulher em Budapeste. Os livros dele, dessa maneira, são seus verdadeiros amores e o real motivo para sua felicidade. 

Budapeste, enfim, é um livro que deve ser lido até o fim, pois é contado em primeira pessoa e através das lembranças do personagem e, por isso, não é completamente linear. Confesso que, não fosse o final incrível da história, talvez eu não tivesse gostado tanto de Budapeste, que não possui o estilo dos livros que eu costumo ler. No entanto, após acabar a leitura, passei a pensar em cada acontecimento retrato e acabei me surpreendendo. Por isso, recomendo, sim, o livro que, além de ser genial, ainda descreve alguns lugares, especialmente do Rio de Janeiro, de maneira quase poética.

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