17 de abril de 2023

Eu estou aqui por mim e para mim

Caramba, já se passaram 3 anos? T r ê s . Desde que eu escrevi aqui pela última vez. 4 anos desde que eu tomei a decisão que mudaria minha vida toda - e para sempre. Tanta coisa mudou, mas tanta. Certezas deixaram de ser certezas, dúvidas surgiram e me fizeram repensar uma rota que já estava traçada dentro da minha cabeça há tanto tempo. E cá estou eu, 3 anos depois. Morando no Canadá há praticamente 1 ano e 6 meses. No terceiro apartamento. Na segunda cidade. Com uma rotina maluca. Dois cachorros. Um novo amor.

É engraçado olhar para trás, honestamente. O último texto que escrevi aqui, dia 11 de abril de 2020, foi feito ainda no início da pandemia. Eu não imaginava nada do que viria pela frente. Tantas mortes. Casas que passariam a ser prisões. Relacionamentos que perderiam o significado. Novos meios de se comunicar, de se locomover. O que antes era raro se tornou banal. E o que era banal simplesmente deixou de existir.

Por muito tempo, foi difícil demais olhar para trás e abraçar as decisões que eu tomei. Não porque tenha me arrependido de alguma delas – eu nunca me arrependi. Mas sim porque é difícil olhar daqui do presente tudo o que o passado foi e imaginar como ele poderia ter sido. Como eu poderia ter agido.

Amadurecer faz parte. A gente aprende a se perdoar pelo que fez no passado. É duro, mas aquela frase que diz "se perdoe, você fez o melhor que podia com o que você tinha na época" é muito real. Eu me conheço, sei que cada decisão tomada nos últimos anos foi necessária para eu estar aqui hoje, nesse momento. Em Toronto. Como residente permanente desse país que eu tanto amo, há tanto tempo.

Mesmo assim, é duro olhar para trás. Repensar diversas situações na minha cabeça é comum para mim. É o que eu faço desde que me conheço por gente. Poderia ter falado aquilo. Poderia ter agido daquela maneira. Poderia ter simplesmente ter ficado quieta. Mas quem garante que essas mudanças me trariam para esse momento que eu tanto esperei?

A realidade é que essa trajetória, essa mudança de país, é um caminho extremamente solitário. Só eu sei quantas vezes chorei sozinha por medo do que estava por vir, por receio de ter tomado uma decisão errada. Apesar disso, foi essa mudança que me fez conviver diariamente comigo mesma e que me faz entender que a minha melhor companhia sou eu. Porque essa é a verdade. Pessoas vêm e pessoas vão, mas eu sempre estarei aqui para mim. Seja no país que for, no idioma que for. Eu estou aqui por mim e para mim. E isso é algo que nunca ninguém vai mudar.

11 de abril de 2020

Sábado de quarentena

A vontade de escrever normalmente vem out of the blue. Você está lá, tomando seu café às 11h30 de um sábado de quarentena e BOOM, a inspiração aparece. Aí você começa a refletir sobre tudo o que passou desde seu último texto aqui nesse lugar - no dia 17 de março de 2019.

E percebe que tanta, tanta coisa passou. O quanto você evoluiu. E o quanto seus planos evoluíram junto com você.

Gostar de si mesmo é o maior desafio de uma vida toda. É se olhar todo dia no espelho e, em vez de enxergar apenas os defeitos, encontrar as qualidades. É se admirar pelo que você é, não por aquilo que você já foi ou pelo que ainda quer ser. É gostar pelo simples prazer de gostar. E ter certeza de que não haveria lugar - ou pessoa - melhor para se morar.

Não sei o que aconteceu em 2019, mas algo na minha cabeça virou uma chavinha e fez com que eu começasse a correr atrás daquilo que eu evito há tantos anos. E, assim, comecei 2020 muito mais perto de alcançar meu objetivo do que um ano antes.

Infelizmente, chegou aí um vírus que virou a vida de todo mundo de ponta cabeça, inclusive a minha. Estamos aprendendo com a nova rotina, ressignificando as conversas online e aprendendo a conviver, mais do que nunca, com nós mesmos.

Refletindo um pouco sobre esse novo momento, acho que é só a vida tentando nos dizer: "vai com calma". Não esquece do presente. Faça planos para o futuro, mas viva um dia de cada vez. Há coisas mais importantes do que comprar, do que sair, do que trabalhar. E eu, do alto da minha vida extremamente privilegiada, sei que isso é verdade. Que posso me dar ao luxo de ficar em casa enquanto tantas pessoas lutam para sobreviver um dia mais.

É difícil colocar uma pausa nos seus planos. Realinhar sua rota. Dar um passo para trás, respirar e olhar para aquele mesmo caminho mais uma vez. Mas é preciso. Enquanto isso, vou vivendo assim, dentro de casa, me refugiando nas redes sociais (que ainda existem aqui, mas menos frequentes), nos livros, nos seriados e em novos idiomas. Porque a vida é assim mesmo... quando você menos espera, chega algo ou alguém pronto para te fazer repensar tudo aquilo que sempre sonhou.

17 de março de 2019

It's so hard to leave - until you leave

Ultimamente tenho tido uma vontade incontrolável de escrever e acho que sei o por quê. Fazia tempo que eu não tinha, na minha vida, um objetivo tão claro, um sonho apenas esperando para concretizar. Quer dizer, até tinha, mas objetivos simples, que requerem apenas um pouco de planejamento, mínimo esforço e tempo para serem alcançados.

O que sinto dentro de mim, agora, é que finalmente tomei as rédeas da minha vida. Que o objetivo que eu tanto receei em traçar finalmente saiu do meu coração, subiu pela minha garganta e se alojou em um cantinho no cérebro, controlando cada pequena decisão do meu dia a dia. E eu, que sempre fui movida por desejos e vontades, praticamente fiquei sem alternativa a não ser correr atrás daquilo que me motiva cada vez mais.

É estranho pensar nisso, mas estamos apenas no meio de março e eu sinto que já mudei tanto em 2019. Já realizei mais metas este ano do que no ano inteiro de 2018 e olha que ano passado eu até que fiz algumas coisinhas. Esse ano, conforme prometido, comecei a cuidar bem mais de mim. E de um jeito que vai além do passar esmalte aos fins de semana, mas que tem muito mais a ver com o jeito de encarar a vida.

Percebi que a situação política do país, que atingiu seu ápice no fim do ano passado, com a eleição daquele que não deve ser nomeado, me desestabilizou de uma maneira que nunca tinha acontecido antes. Me deixou tão mal, tão ansiosa, com tanto medo, que lembro que na noite de eleição no segundo turno eu praticamente não consegui dormir.

Sei também que, embora tenha motivos para me sentir assim - e eles não são poucos -, grande parte dessa minha ansiedade tinha a ver com as redes sociais. E eu que sempre vivi na internet, sempre fui a maior entusiasta dessas plataformas, cheguei ao ponto de ficar triste cada vez que via a timeline do Facebook ou do Twitter, por exemplo.

Demorou um pouco, mas finalmente tomei a decisão e comecei a deixar de lado algumas dessas redes. A primeira delas foi o Facebook, que simplesmente desinstalei do meu celular no ano passado, irritada com a quantidade de absurdos que as pessoas passaram a postar sem saber do que se tratava de fato. Esse ano, então, resolvi excluir o Twitter que, em outra época, era a rede social que mais me dava informações e notícias em primeira mão.

Não sei se foram as pessoas que comecei a seguir, mas de repente essas redes sociais começaram a me fazer muito mais mal do que bem e, em vez de me distraírem da rotina, passaram a me levar para um caminho negativo, muito pesado, que eu simplesmente não queria seguir.

É difícil tomar esse tipo de decisão. Sair de uma rede social, deixar de correr atrás de um amigo, abrir mão de um emprego que você sempre acreditou ser perfeito para você: não há nada mais difícil. Essa sensação de perda, de desistência é algo que consome até a pessoa mais sensata e consciente do mundo. Mas ao mesmo tempo, é o tipo de decisão que precisa ser tomada. Porque, quando isso acontece, é como se um grande peso nas nossas costas deixasse de existir.

É exatamente aquilo que uma frase do John Green que eu amo diz:


14 de fevereiro de 2019

Eu vou

Impressionante como, quando começamos a envelhecer, nós frequentemente nos perdemos de nós mesmos. Quer dizer, eu sempre fui uma pessoa que usava a escrita para desanuviar do dia a dia, para esquecer a rotina e seus problemas. E, mesmo ano passado tendo sido um dos anos mais difíceis da minha vida, a última vez que escrevi aqui foi em 2016.

Conforme vamos chegando aos 30 anos - e em 2019 é a minha vez - parece que a nossa essência, aquela que lutamos para construir durante a adolescência, começa a se perder. E, em meio a tanto problema, a tanta injustiça e a tanto cansaço, acabamos nos esquecendo de nós mesmos e focando no que menos importa: os outros.

É difícil não se deixar levar pelo dia a dia. É difícil admitir que viver uma vida em que só o que queremos é que o fim de semana chegue não é normal. Que torcer pela sexta-feira e sofrer pelo fim do domingo não leva a nada. Talvez uns reais a mais no banco, mas definitivamente muito menos paciência, saúde e amor.

Ainda é fevereiro de 2019, mas eu realmente acho que esse ano vai ser bom. Ainda não começou a melhorar, confesso, mas alguém me disse que isso é porque a "aura" de 2018 ainda paira sobre nós. Que em breve essa nuvem preta que está sobre cada um dos brasileiros vai embora e a gente - finalmente - vai conseguir olhar pra frente sem lembrar do que passou.

2019 é o ano em que eu vou cuidar de mim. Prometi isso para mim mesma. É o ano em que eu vou ser mais importante do que todo o resto, em que eu vou tomar as decisões que estou deixando de tomar há pelo menos quatro anos. Ainda é fevereiro, é verdade. Mas arrisco dizer que já fiz mais por mim esse ano do que o segundo semestre inteiro de 2018. O meu objetivo é bem claro dentro da minha mente, mas eu ainda não estou pronta para compartilhá-lo com muitas pessoas.

Não agora.
Mas eu vou.

17 de maio de 2016

Sainte Marie Gastronomia: o melhor restaurante árabe de São Paulo!

Em uma cidade do tamanho de São Paulo, fica difícil escolher apenas um restaurante favorito. Afinal, são tantas opções, tanto tipo de gastronomia e tanto lugar incrível, que escolher só um é completamente injusto com os outros. Quer dizer, eu tenho uma hamburgueria favorita e até a sorveteria que mais gosto de ir, mas dizer que é a melhor de todas? Não dá. 

Esse fim de semana, o do meu aniversário, conheci mais um lugar aqui em São Paulo que todo mundo deve ir. E quando digo “todo mundo”, quero dizer: todo mundo mesmo. O Sainte Marie Gastronomia é um restaurante tão maravilhoso, com comidinhas tão incríveis, que eu saí de lá já com vontade de voltar. E não tenho dúvida de que isso vai acontecer em breve. 

coalhada seca com azeite
O Sainte Marie Gastronomia é um restaurante árabe que vem se tornando cada vez mais conhecido por quem gosta desse tipo de gastronomia. Seu chef e dono, Stephan Kawijian, um libanês descendente de armênios, é quem dá todo o sabor por trás de cada prato que chega à mesa e eu, por ser descendente de árabe, não poderia perder a oportunidade de conhecer o local. 

Fizemos uma reserva por saber que aos sábados o Sainte Marie fica quase impossível de tão cheio e chegamos lá ao meio-dia, para não correr o risco de perder a mesa. Foi só por isso, realmente, que conseguimos sentar assim que chegamos. Logo de cara já fomos servidos com a melhor coalhada seca que eu já provei e um pão sírio quentinho e crocante. Também pedimos uma porção de hommus, aquela pasta de grão de bico, que era superbem temperada e cremosa. Uma delícia! 

esfihas de cebola e de cordeiro

Depois das entradas, então, foi a vez de começar a pedir o que queríamos experimentar. Minha primeira escolha, assim como a de um casal de amigos, foi uma esfiha de cebola que todo mundo fala bem. Meu namorado, no entanto, optou pela esfiha de cordeiro. Não preciso nem falar que elas eram incríveis, né? A esfiha de cebola era do tamanho certo, com um creme de cebolas no centro e cebola crispy por cima. De comer de joelhos! A de cordeiro, por sua vez, era extremamenta suculenta e com o sabor levemente adocicado – maravilhosa. 

quibe montado <3

Após as esfihas, acabamos pedindo o famoso quibe montado do Sainte Marie – uma mistura de quibe assado com quibe cru e coalhada seca. Eu nem tenho palavras para descrevê-lo, de tão bem temperado e saboroso que era. Só sei que dividimos a porção em quatro pessoas mas, se eu pudesse, teria comido um todo sozinha. O quibe montado é tão famoso que, se você olhar ao redor, vai notar que praticamente todas as mesas fazem esse pedido. Vale a pena! 

polvo com batatas laminadas

Depois do quibe, confesso que fiquei bastante satisfeita e já queria comer a sobremesa, mas meu namorado e um dos meus amigos ainda estava com fome. Então, resolvemos pedir mais um prato: um polvo com batatas laminadas. Eu, que não sou boba, acabei provando um pouco também desse prato que, além de bonito, era supergostoso. O polvo era extremamente saboroso e estava no ponto certo. 

knefe

Por fim, finalmente chegou a hora de escolher a sobremesa. Eu sou simplesmente apaixonada por doces árabes, então apesar de todo mundo falar muito bem do mousse de chocolate com a calda de maracujá, optei por um doce chamado knefe, feito com macarrão cabelo de anjo, ricota, damascos e mel. Simplesmente divino!

O Sainte Marie Gastronomia acabou se tornando um dos meus restaurantes favoritos em São Paulo e não foi à toa: é sensacional!
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