Caramba, já se passaram 3 anos? T r ê s . Desde que eu escrevi aqui pela última vez. 4 anos desde que eu tomei a decisão que mudaria minha vida toda - e para sempre. Tanta coisa mudou, mas tanta. Certezas deixaram de ser certezas, dúvidas surgiram e me fizeram repensar uma rota que já estava traçada dentro da minha cabeça há tanto tempo. E cá estou eu, 3 anos depois. Morando no Canadá há praticamente 1 ano e 6 meses. No terceiro apartamento. Na segunda cidade. Com uma rotina maluca. Dois cachorros. Um novo amor.
É engraçado olhar para trás, honestamente. O último texto que escrevi aqui, dia 11 de abril de 2020, foi feito ainda no início da pandemia. Eu não imaginava nada do que viria pela frente. Tantas mortes. Casas que passariam a ser prisões. Relacionamentos que perderiam o significado. Novos meios de se comunicar, de se locomover. O que antes era raro se tornou banal. E o que era banal simplesmente deixou de existir.
Por muito tempo, foi difícil demais olhar para trás e abraçar as decisões que eu tomei. Não porque tenha me arrependido de alguma delas – eu nunca me arrependi. Mas sim porque é difícil olhar daqui do presente tudo o que o passado foi e imaginar como ele poderia ter sido. Como eu poderia ter agido.
Amadurecer faz parte. A gente aprende a se perdoar pelo que fez no passado. É duro, mas aquela frase que diz "se perdoe, você fez o melhor que podia com o que você tinha na época" é muito real. Eu me conheço, sei que cada decisão tomada nos últimos anos foi necessária para eu estar aqui hoje, nesse momento. Em Toronto. Como residente permanente desse país que eu tanto amo, há tanto tempo.
Mesmo assim, é duro olhar para trás. Repensar diversas situações na minha cabeça é comum para mim. É o que eu faço desde que me conheço por gente. Poderia ter falado aquilo. Poderia ter agido daquela maneira. Poderia ter simplesmente ter ficado quieta. Mas quem garante que essas mudanças me trariam para esse momento que eu tanto esperei?
A realidade é que essa trajetória, essa mudança de país, é um caminho extremamente solitário. Só eu sei quantas vezes chorei sozinha por medo do que estava por vir, por receio de ter tomado uma decisão errada. Apesar disso, foi essa mudança que me fez conviver diariamente comigo mesma e que me faz entender que a minha melhor companhia sou eu. Porque essa é a verdade. Pessoas vêm e pessoas vão, mas eu sempre estarei aqui para mim. Seja no país que for, no idioma que for. Eu estou aqui por mim e para mim. E isso é algo que nunca ninguém vai mudar.